Numa visita rápida ao blog Real Nerd tive contato com algumas informações sobre o Ijime, que seria o equivalente do bullying no Japão. A primeira vez que li sobre, foi quando vi um depoimento e relato pessoal de uma menina brasileira que sofreu ao estudar lá, numa rede social. Os apelidos e ameaças, e até agressões físicas brasileiras, em nada se equiparam ao bullying japonês.
O Ijime não é um simples bullying, é uma total perseguição. Não bastasse as agressões verbais, apelidos pejorativos e ameaças, os alunos japoneses não perdem a oportunidade de atrapalhar a vida do outro, seja rabiscando seus livros e material escolar, escondendo os sapatos (que não costumam ser usados dentro de ambientes fechados nos hábitos japoneses), trancando no banheiro, jogando água na porta, e até partindo para agressão física de forma mais séria. E para começar, basta um "incentivo" de um adulto, e logo eles acham que por esse motivo o que fazem é certo.
“O ijime, como é conhecida a prática no país, é cultural e institucionalizada. 'Faz parte da sociedade judiar dos mais novos e esse hábito começa na escola, onde os professores são os principais personagens'. Lá, o bullying começa sempre pelos adultos, que acabam contagiando as crianças. Os adultos são sempre os primeiros a judiarem de alguém, sendo seguidos posteriormente, por outros jovens, que se sentem 'autorizados' a repeti-los. Por essa razão, o ijime vai se perpetuando.”
“'É como se os adultos, principalmente professores (de todas as matérias), tivessem o DIREITO de maltratar os jovens, aplicando castigos para impor respeito e mostrar autoridade', diz ela. Como esse hábito é institucionalizado, muitos passam a achar que os maus tratos são normais e, por isso, ninguém se posiciona. Até os pais aceitam que seus filhos sejam castigados física e psicologicamente, simplesmente porque eles também passaram por isso em maior ou menor grau.” Afirma o blog.
A prática é aplicada principalmente a alunos estrangeiros, descendentes ou não de japoneses, destruindo os sonhos de quem espera estudar um dia num colégio do Japão. Mas o Ijime também é feito com qualquer outro fora do padrão. Você é discriminado por ser diferente.
Para resolver este problema, as famílias brasileiras no Japão costumam colocar seus filhos em colégios especiais para brasileiros, onde eles tem a oportunidade de estudar além do japonês o português, e as chances de ocorrer o Ijime são muito baixas. Como a prática é encontrada também entre os adultos, é comum também a formação de comunidades, vizinhanças brasileiras, para melhor convívio na terra do sol nascente.
Mais um problema crescente na sociedade japonesa é o alto índice de suicídio, que tem bases culturais no Seppuku (ritual suicida chamado popularmente de Harakiri). As bases culturais tornam o suicídio mais aceitável e inclusive comum como forma de se livrar da dor e perda da honra.
“No país, invejável por seu crescimento e tecnologia, uma pessoa se suicida a cada 15 minutos. E embora não se admita, o ijime tem uma grande parcela de culpa nisso.”
O Japão tem buscado cada vez mais combater o Ijime, pois a evasão escolar e suicídios representam grande perda para o país.
Os casos de evasão escolar estão bem presentes nos animes, séries e produtos de entretenimento no Japão, onde alunos chegam a se afastar por meses dos estudos. E isso é retratado nesses produtos porque é extremamente frequente no Japão. Até a princesa já sofreu com esse problema.
Para finalizar, gostaria de deixar uma opinião. A cultura, que é responsável pelo grande desenvolvimento pessoal e social do Japão, um país limpo, onde não se joga lixo no chão, preza-se pelo silêncio nas ruas e a educação de casa pelo respeito desde um simples ojigi (cumprimento em que se curva o corpo em reverência) ou itadakimasu (uma expressão dita antes de comer, equivalente a um agradecimento pela refeição), paradoxalmente é responsável pela discriminação no Ijime e base de suicídios. Creio que isso se dá em função das várias interpretações possíveis acerca de costumes. Se o problema surgiu na cultura, creio que é na cultura que está a solução. As autoridades japonesas devem procurar uma forma de restaurar as boas interpretações da cultura, que trazem prosperidade ao país, de forma que o Ijime seja suprimido.
É isso.
Mata ne.
Por: Jéssica
Que país esse... Coitado de quem nasce lá! Ainda bem que esse não foi o meu caso!!! Mais vale nascer num país menos desenvolvido e ser feliz.
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